Quando há uma luz que te segue, que clareia teus passos,
tudo está em paz. Mas quando há também, por outro lado, uma sombra, uma sobra
de hostilidade, um caminho mais escuro, surge então a dúvida. Se meus passos,
outrora tão firmes, já não sabem mais que direção seguir, eis então meu pranto,
a escorrer pelas pedras, molhar a estrada que já foi tão seca. Sei que nada
mais fará sentido se por acaso eu desistir, mas olhando bem de perto, que
sentido fará continuar eu, agora perdido? Ao menos desistindo não serei mais
eu, o destruidor de sonhos, aquele que constrói seus amores sobre a angústia
alheia, sobre a ternura eterna de vestir de branco e ser as lágrimas de quem
não chora, pois o branco acalma e as lágrimas secam. Sendo assim resta-me
apenas tornar-me o mártir da alegria, calar-me então de uma vez por todas e não
mais expressar minhas idéias, não mais esboçar sonhos e apresentar minhas
conquistas. Serei o mártir da alegria que nunca acaba. A alegria ferida,
fingida e ignorada. A alegria irreal.
Por Amanda Nascimento.
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