A causa imediata que levou o Brasil a entrar na Segunda Guerra Mundial foi o sistemático afundamento de navios mercantes brasileiros, por submarinos alemães e italianos, a partir de 1942: o primeiro foi o Buarque, em 15 de fevereiro; seguiram-se o Olinda (18 de fevereiro), o Cabedelo (25 de fevereiro), o Arabutã (7 de março) e o Cairu (8 de março).
Em abril, foram descobertas centrais de inteligência e de espionagem alemãs, equipadas com modernos aparelhos de rádio, transmissores e receptores, no Rio de Janeiro. No mês de maio, são atacados o Parnahyba (dia 1º), o Comandante Lyra, (dia 18), o qual não chegou a afundar, e o Gonçalves Dias (dia 24). Em junho, é a vez do Alegrete (dia 1º), doParacuri (dia 5) e do Pedrinhas (dia 26). No mês seguinte, são afundados o Tamandaré (dia 25), o Piave e o Barbacena (ambos no dia 28).
Até então, os ataques tinham sido efetuados longe da costa brasileira, principalmente na costa leste dos Estados Unidos e no Mar do Caribe. A única exceção foi o Comandante Lyra, atacado ao largo de Natal. O número de mortos alcançava pouco mais de 130 pessoas, sendo que o naufrágio mais trágico, até julho, tinha sido o do Cairu, em que houve 53 mortes.
Entretanto, agosto se tornaria o mês mais trágico para o Brasil na guerra. Em três dias, o submarino alemão U-507 afundou seis embarcações brasileiras: o Baependy, o Araraquara, ambos na noite do dia 15 de agosto; o Annibal Benévolo, na madrugada do dia seguinte; o Itagiba, o Arará e um pesqueiro não identificado, na tarde de 17 de agosto.
No dia 18, o governo brasileiro explica os torpedeamentos à população, que, revoltada, toma as ruas das principais cidades do País, exigindo uma retaliação ao Eixo. No dia seguinte, o U-507 afundaria o 22º navio brasileiro: a pequena barcaça Jacira, abatida a tiros de canhão. À exceção deste último, em que não houve mortos, todos os demais ataques causaram, no total, mais de 600 mortes, sendo que 270 morreram no ataque ao Baependy.
Em 31 de agosto - através do Decreto-Lei nº. 10.358, o governo enfim declara estado de guerra contra os países do Eixo. Nas comemorações do 7 de setembro (Independência do Brasil), são encontradas diversas bombas-relógio espalhadas na cidade do Rio de Janeiro, nos locais onde aconteceria o desfile militar.
No dia 27 de setembro são afundados os navios Ozório e Lages, seguidos pelo Antonico (28 de setembro), Porto Alegre (3 de novembro) e Apalóide (22 de novembro) que se torna 27º navio brasileiro afundado.
Em 29 de janeiro de 1943, os presidentes Getúlio Vargas e Franklin D. Roosevelt reúnem-se em Natal para efetivarem a participação do Brasil na Guerra, através do envio de umaForça Expedicionária Brasileira. Nesse mesmo ano, os torpedeamentos continuam: Brasilóide (18 de fevereiro) e o Affonso Penna (2 de março), este com o saldo de 125 mortos.
Em 2 de março, é estabelecida, através de portaria, a Base Aérea de Natal (BANT), no então campo de Parnamirim (en:Parnamirim field), posteriormente conhecido como “Trampolim da Vitória”. As atividades da BANT começam somente em 7 de agosto do mesmo ano (COSTA, 1980, p. 11).
Em 1º de julho é torpedeado o navio brasileiro Tutóia e no dia 4 é a vez do Pelotaslóide, afundado pelo U-Boat U-590, o qual não teve muito tempo para comemorar o feito, pois foi afundado por uma aeronave PBY-5 Catalina do esquadrão VP-94 próximo ao estuário do Rio Amazonas em 9 de julho.
Em 19 de julho, é a vez de um avião Mariner do esquadrão VP-74 afundar o U-513 que, 18 dias antes tinha afundado o Tutóia. Em 31 de julho, é afundado o primeiro submarino alemão por brasileiros, o U-199 que, a 22 daquele mês, canhoneara o pequeno barco de pesca Shangi-lá. No dia seguinte, porém, seria afundado o Bagé, com um saldo de 28 mortos. Em 26 de setembro, são torpedeados os navios Itapagé e Cisne Branco; e, em 23 de outubro, é a vez do navio Campos (DUARTE, 1988).
Em 23 de novembro de 1943 é criada a Força Expedicionária Brasileira sendo que, no dia 18 de dezembro do mesmo ano, é criado o 1º Grupo de Aviação de Caça, cujo primeiro comandante foi o então major Nero Moura. Em 18 de maio morre o 2º Ten.-Av Gastaldoni, face um aparente problema mecânico na sua aeronave P-40.
No ano de 1944, o Brasil perderia a sua primeira embarcação militar na guerra: o Vital de Oliveira, Navio auxiliar, torpedeado em 20 de julho, ao largo de Cabo Frio, com 99 mortos. AMarinha Brasileira também perderia a Camaquã, virada pelo mar grosso, no dia seguinte, onde morreram 23 tripulantes; e o cruzador Bahia, vítima de explosão no paiol da popa após o término da guerra na Europa, no dia 4 de julho de 1945, causando a morte de 333 homens. Ao todo, morreram 1.441 pessoas em 39 navios brasileiros (1.085 nos ataques, mais as vítimas no Camaquã e no Bahia).(SANDER, 2007)
Para o teatro de operações da Itália, o Brasil enviou a Força Expedicionária Brasileira (FEB) junto com o 1º Grupo de Aviação de Caça (1º GAvCa) da recém criada Força Aérea Brasileira (FAB). Constituída em agosto de 1943, a FEB tinha como emblema uma cobra fumando. Seu comandante foi o general e futuro marechal João Batista Mascarenhas de Morais - e o chefe da 3ª Seção (Operações) era o então Tenente-Coronel-de-Infantaria Humberto Castello Branco, futuro presidente do Brasil. A FEB foi integrada ao 4º Corpo do Exército dos Estados Unidos - sob o comando do general Willis Crittemberger, este por sua vez adscrito ao 5º Exército dos EUA comandado pelo general Mark Clark.
A FEB desembarcou na Itália em 16 de junho de 1944. Em 2 de julho o transporte USS General W.A. Mann (AP-112), escoltado pelos destróieres brasileiros Marcílio Dias, Mariz E Barros, e Greenhalgh, partem do Rio de Janeiro com o primeiro contingente da FEB (5.379 homens) com destino a Nápoles.
A FEB entrou em combate em setembro, no vale do rio Serchio, ao norte da cidade de Pisa. As primeiras vitórias da FEB ocorreram já em setembro de 1943 com a ocupação deMassarosa (16), a tomada de Camaiore (18) e Monte Prano (26). Durante o rigoroso inverno daquele ano combateu nos Apeninos onde enfrentou temperaturas de até vinte graus negativos e muita neve.
Ainda em 1943 seguem Lama di Sotto (30 de set), Fornaci di Barga (1 de outubro), Barga (11 de outubro) e em um só dia a FEB em esforço conjunto ocupa no dia 30 de outubro as cidades de Lama di Sopra, Pradescello, Pian de los Rios, Collo e San Chirico. No dia seguinte o 1º GAvCa realiza sua primeira missão de combate. Em 21 de fevereiro de 1945 a FEB ocupa Monte Castelo depois do Grupo de Caça ter arrasado a resistência alemã.
No início de 1945, conquistou Monte Castelo (21 de fevereiro), Castelnuovo (5 de março), Montese (14 de abril), Zocca e Montalto (ambas em 21 de abril) além de Collechio (28 de abril). Em Fornovo (29 de abril), cercou e aprisionou a 148º Divisão de Infantaria alemã, inclusive o seu comandante, General Otto Freter Pico e seu Estado-Maior, além de remanescentes da Divisão Bersaglieri italiana, como o seu comandante, o General Mario Carloni. Na sua arrancada final, conquistou a cidade de Turim e, em 2 de maio, na cidade deSusa, noroeste da Itália, fez junção com as tropas francesas. Nesta data - 2 de maio de 1945 - a Itália declara sua rendição incondicional. A guerra no Teatro de Operações da Europa encerra-se em 8 de maio de 1945 com a rendição incondicional da Alemanha.
Ao final da campanha, a FEB havia aprisionado mais de vinte mil soldados inimigos (14 779 só em Fornovo) oitenta canhões, 1 500 viaturas e 4 000 cavalos, e saiu vitoriosa em 21 batalhas.
Participaram da Força Expedicionária Brasileira oficiais que nos anos seguintes desempenhariam papéis de destaque na vida política brasileira, entre os quais, é possível observar:Humberto de Alencar Castello Branco (presidente da República entre 1964 e 1967), Osvaldo Cordeiro de Farias (governador de Pernambuco entre 1955 e 1959), Golbery do Couto e Silva (ministro da Casa Civil entre 1974 e 1981), Octavio Costa (idealizador das campanhas publicitárias do governo Médici), Albuquerque Lima (ministro do interior entre 1967 e 1969) e Hugo Abreu (ministro da Casa Militar entre 1974 e 1978).
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